Segundo o Ministério da Saúde, a atenção primária - promovida pelo clínico geral - pode resolver cerca de 80% dos problemas de saúde da população
O aumento contínuo dos gastos com assistência médica, o avanço acelerado de novas tecnologias, o envelhecimento e a mudança do perfil epidemiológico da população, brasileira somados à limitação de recursos financeiros, têm levado o Brasil e todos os sistemas internacionais a reverem o modelo da assistência para torná-lo sustentável e sem prejuízo à segurança do paciente.
Entre as muitas iniciativas que vêm sendo tomadas, uma com enorme potencial de benefícios, é o investimento em atenção básica à saúde e valorização do médico de família, especialidade com cerca 5.500 profissionais no Brasil, que há muito tempo se destaca no atendimento de comunidades ou nos programas oficiais de Estratégia de Saúde da Família e, agora, vai se tornando cada vez mais presente em táticas de saúde suplementar como parte de investimentos em promoção, prevenção e educação.
Neste modelo, equipes multidisciplinares lideradas por médicos de família são responsáveis pela coordenação do cuidado de um grupo de pacientes, de modo que cada beneficiário seja sempre acompanhado pelos mesmos profissionais. Isto contribui para a criação de vínculo e melhora o entendimento da qualidade de vida – prevenção com efeito positivo nos indicadores de saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde, a atenção primária pode resolver cerca de 80% dos problemas de saúde da população; além disso, diversos estudos asseguram que o manejo adequado dos 50 diagnósticos mais frequentes permite a resolução de mais da metade da demanda médica em ambulatórios gerais.
Modelo sustentável
O conceito de “Cuidados Primários de Saúde” foi apresentado em 1978, na Conferência Internacional da OMS de Alma-Ata, na qual 134 países e 67 organismos internacionais chegaram à definição de que “os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saúde baseados em métodos e tecnologias práticas, cientificamente bem fundamentadas e socialmente aceitáveis, colocadas ao alcance universal de indivíduos e famílias da comunidade, mediante sua plena participação e a um custo que a comunidade e o país podem manter em cada fase de seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e autodeterminação”.
Fato é que este processo quebra o paradigma de que a alta tecnologia seja a principal solução e desmistifica o papel do super especialista. Seria necessário que o modelo ganhasse maior escala e isto em tese deve ser objeto tanto do público, como do privado. A limitação do recurso não é fator único que prejudica a qualidade da assistência. Muito pelo contrário, hoje a terceira maior causa de morte nos Estados Unidos são erros e inconformidades médicas, fruto muitas vezes do abuso e do excesso de uso da tecnologia.
Dentro desta linha cabe também uma avaliação mais densa acerca do papel dos próprios hospitais, que são estruturas caras e deveriam ser reservadas para os casos mais graves, sendo fundamental um estimulo às práticas fora destes ambientes – o que significa menos recurso para instalar e para manter.
Políticas incentivando a prática assistencial ambulatorial com médico de família constituem um caminho inevitável na busca de um sistema de saúde que seja sustentável. Este modelo já vem sendo implementado há anos no sistema público e, agora, começa a ser replicado no âmbito da saúde suplementar gerando inúmeros benefícios.
Fonte (https://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/a-importancia-do-medico-de-familia/?utm_source=linkedin&utm_medium=mural&utm_campaign=visita-site&utm_content=Lottenberg_one&utm_term=31-08-2018)
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